O tempo é a minha cela,
Nele eu verto as minhas angústias,
Não por não ser feliz,
Apenas por esta limitação do meu ser,
De não conseguir esquecer
As amarras que me prendem a estes ponteiros,
Fazendo me girar nos anos,
Mudar em meses,
Experimentar 1000 corpos numa semana,
Enjoar da vida,
De ficar sózinha pela noite fora,
De ficar apenas agarrada a esta cama
A cheirar a lavanda,
Onde todos os fins de tarde bate o sol
Que me aquece os pés,
Como nunca ninguém fez.
Meu louco,
Antigamente, quando exististe,
Cada simples gesto conseguia ser plenamente apreciado,
Cada coisa com a miníma insignificância
Servia para alimentar o dia.
Mas de noite,
Como ainda nos acontece,
De noite, meu morto vivo,
Meu vivo sempre morto,
De noite havia vontade de voar,
Saltar as paredes deste hospício
E de vaguear pela cidade,
Como uma traça,
Até ser atraída pelas luzes do teu quarto,
E entrar pela janela,
Ficando ali,
A sentir o fumo de mais um cigarro.
Agora sinto-me como sempre,
Viciada no ópio da tua crueldade,
Estéril de alegrias,
Fértil em lágrimas
Ritmadas pelos ponteiros do relógio,
Pelos raios de sol
Que me esfriam as mãos
E aquecem a solidão.
07 novembro 2006
Tragédia
Postado por Coco Prado às terça-feira, novembro 07, 2006
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