11 setembro 2007

Caruma


Vento, sopra...
Leva tudo o que são memórias,
Toca o cabelo,
Arrefece-me o pensamento,
À luz do amanhecer, toca-lhe nos lábios,
E sorri para ele como se fosse a última hora do nosso encontro.

Já não sei o que te move para mim,
Se a fortuna nos abraça
Ou o amor nos abandona,
O que é certo é que o vento nos toca,
Como que anunciando uma nova viagem,
Em que, ou nos deixamos afogar,
Ou nos consumimos até chegarmos ao número perfeito de células.

Quando estás assim, dormente a meu lado,
Pareces inofensivo, e és pesado, não te deixas levar,
Mas quando surges imponente,
Apetece-me destruir tudo o que me resta de ti...

O teu fumo vai connosco,
Mesmo que não percas o avião,
Porque tudo devia ser sagrado,
Mas eu sou incapaz de te ver voar,
Preferindo aterrar sozinha
Pois para ti nunca há esperança...

Porém este sol aquece e às vezes
Pareces ouro na minha pele.
Quero resplandecer contigo,
Soprados pelo vento do anoitecer,
Ao passarmos o horizonte
Sorrindo para o futuro,
Seja ele tão curto como nossos braços de leite,
Ou tão logo como nossas as feridas proferidas por nossas palavras de fel...

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