21 dezembro 2007

Para mim Natal



Procurando sempre a libertação
Do Eu divino,
Mais longo se proclama o tempo,
E a janela branca desperta.

Cinza Luz

Amo quando as pessoas falam comigo
E é tão estranho
Porque é uma coisa rara
As pessoas não costumam falar comigo.

Agora sinto-me mal
E não tenho amigos.

Agora vejo as estrelas dentro do meu quarto
E agora ardo na minha cama
Sou cinza.

Amo quando ele me esquece
E é tão estranho
Porque é uma coisa normal
As pessoas costumam esquecer-me.

Ele pensa que sou louca, mais do que ele
Eu acho que ele ama, mais do que eu.

Coisas Antigas de Um Ano Para Esquecer

Lá no alto, Papagaio
Voava, passou tanto tempo
Branco Papagaio,
Fazias-nos sorrir,
E de repente ao ver-te partir
Quebras-te o teu fio
Agora já não há quem te veja
E só a tua lembrança, nos faz ter medo
De voar.



Maldito anfíbio
Por ti morro de pânico
Por ti entorno o leite
Por ti desmaio na sala
E o sofá quebra-se,
Naquilo que antes fora bom.

Maldito anfíbio
Por ti suspiro
Sem querer que me voltes a cair em cima,
Para lançares o pânico,
Para baralhares ainda mais a minha vida
Para me fazeres odiar-te cada vez mais.

Maldito anfíbio
Por ti o meu corpo estremece
Por ti a minha alma pragueja e se corrompe...
Maldito anfíbio.

Relógio Anacrónico

Sempre que paro frente a tua casa
Deparo-me comigo própria,
Este alguém que não conheço,
Debatendo-se entre deixar-te ser meu aliado
Em vez de meu inimigo.

Detenho-me tantas vezes com os meus próprios fantasmas.

19 dezembro 2007

Repugnância

Que me fizeste?
Olha como fiquei, a renovar-me
A reconstruir-me,
Sabia tão bem,
Sabe tão mal.
Nem mil estrelas cadentes conseguem traçar
O meu novo destino.
E sigo, e quase que o desvendo
É tão forte, e tão diferente!
Esqueci tua pele morena,
E agora acaricio coisas mais luminosas,
Mais brilhantes,
Cor do sal.
É tão mais violento do que o mar,
E enraivece-se com meu pranto,
Mas em vez de me ignorar
Agarra-me pelo pescoço,
Com tensão voraz
E amarra-me ao seu corpo
Morde-me com seus dentes de marfim.
De respiração bruta protege o meu fôlego
Somos nós a Mudança,
Seremos Eternidade!

10 dezembro 2007

Polar bears must never cry

09 dezembro 2007

Cuido que não me esqueci

Ana:

Vejo-te quase todos os dias. Continuas bonita. E apressada.
Quando se pensa em ti respira-se qualquer coisa com um chão carregado de tílias e jacarandás.
(Tenho saudades da tua mãe)
(Tenho saudades tuas)
Certamente que um céu a salmão no outono.

M.M.

04 dezembro 2007

Faltas


As coisas mudam,
Estão a mudar,
Talvez a perfeição seja assim.

Sente-se no ar
A terrível esperança
De que exista um Apocalipse.

Sente-se nos seres humanos
Uma terrível tensão,
Um desejo infindável de suor e lágrimas.
De guerra.

Os animais estão inquietos,
Juntam-se em bandos e
Devoram tudo o que se lhes aprouver.

Hoje o dia acordou com nevoeiro,
Pouco ou quase nada se conseguía ver
Da janela do meu quarto.

Está frio e tudo é sinistro.
Até quando decido sair à rua,
Sinto, depois, quando piso o alcatrão,
Que mais valia ter ficado
No quente da cama.

Mas quero ver tudo a mudar.
São árvores que caem,
Lojas que fecham,
Paragens de autocarro que mudam
Para o outro lado da estrada.

Pessoas morrem,
Outras desaparecem,
Edifícios são demolidos,
Famílias destruídas.

São noites calmas
Que passaram a ser vazias,
São noites agitadas
Que se tornaram insónias.

Amizades transformaram-se em pesadelos,
Amores viraram mentiras,
Certezas que já não duram,
Fábricas que faliram.

São ditaduras mortas que ressuscitam,
Abutres sedentos que caem em hotéis de luxo,
Sou eu, tu, os outros.

É a desconfiança, a solidão,
A falta de afecto ou o esquecimento dele.
É o homem no centro,
A ser examinado a cada passo que dá.

São cheias e secas,
Atentados,
A supremacia da estupidez.
Estamos todos incluídos nisso,
Todos pactuamos com isso.

Somos todos ignorantes,
Egoístas,
E por isso gostamos de festas e de funerais,
Para mostrarmos aos outros
Que a nossa felicidade é maior,
Que a nossa tristeza é incomparável.

É mais um atropelamento
É mais uma overdose,
É só mais uma gota de suor,
É só mais uma lágrima,
É só mais um bocadinho do meu corpo,
É só mais um bocadinho da tua hipocrisia,
É só mais um passo para o fim.

Parabéns!