15 setembro 2007

Saudades



Se por acaso me vires por aí
Disfarça, finge não ver,
Diz que não pode ser
Que eu morri, num acidente qualquer.
Conta o quanto quiseste fazer
Exalta a tua versão,
Depois suspira e diz que esquecer
É a tua profissão.

E ouve-se ao fundo uma linda canção
De paz e amor.

Se por acaso me vires por aí
Vamos tomar um café
Diz qualquer coisa, telefona enfim
Eu ainda moro na Sé
Encaixotei uns papeis e não sei se hei-de deitar tudo fora
Tenho uma série de cartas para ti,
Todas de uma tal de Dora.

E ouve-se ao fundo canções tão banais
De paz e amor.

Se eu por acaso te vir por aí
Passo sem sequer te ver
Naturalmente que já te esqueci
E tenho mais que fazer
Quero que saibas que cago no amor
Acho que fui sempre assim
Espero que encontres tudo o que quiseres
E vás para longe de mim.

E ouve-se ao fundo uma velha canção
De paz e amor.

Na sexta-feira acho que te vi,
À frente da Brasileira,
Pareceu-me mesmo o teu fato azul
E a pasta em tons de madeira,
O Tó gostava de te conhecer
Nunca falei mal de ti
A vida passa e era bom saber
Que estás em forma e feliz.

E ouve-se ao fundo uma triste canção
De paz e amor.

J.P. Simões

12 setembro 2007

Adeus tristeza...

Sede em nós
Olhamos
Nada vemos
Só um grande ruido
Ouvimos
Sim
Ela canta
Não cessa...
Vem aí o frio
Tragam as armas
Vamos defendernos
Vamos atacar
Os futuros incertos
As dores indecisas
Vamos cantar dentro de casa
Para atenuar o canto Dela...
Já não a queremos ouvir!

11 setembro 2007

Caruma


Vento, sopra...
Leva tudo o que são memórias,
Toca o cabelo,
Arrefece-me o pensamento,
À luz do amanhecer, toca-lhe nos lábios,
E sorri para ele como se fosse a última hora do nosso encontro.

Já não sei o que te move para mim,
Se a fortuna nos abraça
Ou o amor nos abandona,
O que é certo é que o vento nos toca,
Como que anunciando uma nova viagem,
Em que, ou nos deixamos afogar,
Ou nos consumimos até chegarmos ao número perfeito de células.

Quando estás assim, dormente a meu lado,
Pareces inofensivo, e és pesado, não te deixas levar,
Mas quando surges imponente,
Apetece-me destruir tudo o que me resta de ti...

O teu fumo vai connosco,
Mesmo que não percas o avião,
Porque tudo devia ser sagrado,
Mas eu sou incapaz de te ver voar,
Preferindo aterrar sozinha
Pois para ti nunca há esperança...

Porém este sol aquece e às vezes
Pareces ouro na minha pele.
Quero resplandecer contigo,
Soprados pelo vento do anoitecer,
Ao passarmos o horizonte
Sorrindo para o futuro,
Seja ele tão curto como nossos braços de leite,
Ou tão logo como nossas as feridas proferidas por nossas palavras de fel...