26 março 2007

Vinho e Fruta

Pensava que já não queria saber
Onde está a minha essência,
Mas afinal, quando subi ao sótão,
E me deixaram só,
Sentada naquela cadeira
Velha, cheia de pó, decrépita,
Senti o terramoto,
Senti a tempestade,
Senti a chuva.

Querendo abrir a janela
Para fugir,
Para subir ao céu cinzento,
Para me evadir.
O meu canto já não o consegue fazer,
Já não o consegue esquecer,
Já deu tudo.

Mas a janela estava fechada,
Tão só,
Tão fria.
Depois nem me apercebi de mim,
Nem da minha vida anterior
Que perdi.

Só hoje, depois de mais uma pequena desilusão,
Estúpida desilusão,
Percebo que não sou sentida da mesma maneira que me sinto,
Mas não há mal nisso,
Sentem-me de outra forma,
Tão especial e peculiar quanto a minha.

E vou e desço as escadas,
Saio para a rua,
Chuva.
E vou, passo praças, ruas
Gotas,
E subo outras escadas.

São as escadas que me ligam ao meu outro ser,
Desde o início.
Ser... Cheiro,
Agarro,
Deixo-me ser agarrada,
E queimo,
Arde,
Dói,
Alenta,
Grita,
Sorri,
Come...

Sem comentários: